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As complicações da traqueostomia

A necessidade de uma via aérea artificial como a intubação traqueal ou uma traqueostomia, pode ser indicada para pacientes com perda da consciência, trauma facial ou oral, secreções respiratórias copiosas, angústia respiratória e necessidade de ventilação mecânica (NETTINA, 2003).

É uma cirurgia que pode levar a complicações variadas em qualquer momento do pós-operatório, e podem ser classificadas em:

1. Complicações Imediatas:

•Sangramento: o sangramento intraoperatório pode ser devido à lesão da glândula tireóide ou de vasos sanguíneos não ligados ou cauterizados. Para o controle do sangramento podem ser colocadas compressas frias ao redor da incisão, sendo feita a visualização da quantidade do sangramento através da troca freqüente do curativo. Se este não for controlado adequadamente, uma reavaliação cirúrgica deve ser realizada.

•Pneumotórax e pneumomediastino, devido à lesão direta das cúpulas pleurais e de altas pressões respiratórias negativas em pacientes acordados, respectivamente. Após ser feito o diagnóstico, geralmente por radiografia torácica, o procedimento adequado deve ser feito, seja drenagem ou cirurgia. A incidência de pneumotórax após traqueostomia varia de 0 a 4% em adultos e 10 a 17% em crianças.

•Lesão de estruturas paratraqueais: as principais são os nervos laríngeos recorrentes, os grandes vasos e o esôfago, sendo estas complicações mais comuns em crianças devido a diferenças na estrutura da traquéia.

•Apnéia devido à perda do drive respiratório gerado pelo estado de hipóxia.

•Edema pulmonar pós-obstrutivo.

2. Complicações Precoces:

•Sangramento devido à tosse excessiva do paciente e elevação da pressão arterial, ou causada por traqueíte difusa, ulceração da parede traqueal, aspiração inadequada, entre outros.

•Plug mucoso: os dispositivos com cânula interna removível ajudam a evitar esta complicação.

•Traqueíte: para evitar esta complicação, deve fazer nebulização constante do paciente e irrigar e aspirar com frequência à cânula traqueal.

•Celulite: pode ser evitada se a incisão tiver espaço suficiente para drenagem. O tratamento é feito com antibióticos e abertura da ferida cirúrgica para facilitar a drenagem.

•Enfisema subcutâneo: resulta de sutura muito hermética da incisão ou de falso trajeto da cânula para o espaço pré-traqueal, podendo evoluir para pneumotórax ou pneumomediastino.

•Atelectasia pulmonar, no caso de intubação seletiva de um dos brônquios.

•Decanulação.

3. Complicações Tardias

•Sangramentos tardios, após 48 horas da cirurgia, podem ser causados por fístula traqueoinominada, (entre a traqueia e o tronco braquiocefálico), que ocorre devido a uma traqueostomia muito baixa ou por uma cânula muito grande. Metade dos pacientes com sangramento significativo após 48 horas da cirurgia têm esta fístula.

A ocorrência desta complicação é de aproximadamente 0,6% das traqueostomias, com mortalidade de cerca de 80%. O sangramento abundante pode ser precedido de um pequeno “sangramento sentinela”, o que pode justificar uma investigação endoscópica. No caso de sangramento importante, deve insuflar o cuff para proteger as vias aéreas e se isto não for suficiente para conter o sangramento o paciente é candidato a uma esternotomia para avaliação do quadro. Traqueomalácia: geralmente causada por uma cânula muito pequena. A troca geralmente resolve o problema.

•Estenose: causada por lesão da cartilagem cricóide, por lesão direta da parede traqueal causada pelo procedimento cirúrgico ou por lesão da mucosa causada pelo cuff. O quadro clínico é de desconforto respiratório subagudo semanas após a retirada da cânula. O tratamento é cirúrgico, através de ressecção, ou debridamento e colocação de stent.

•Fístula traqueoesofágica: pode levar a aspiração e pneumonite química, geralmente causada por cânula que erode a parede posterior da traquéia. Geralmente é de tratamento cirúrgico e ocorre em menos de 1% dos pacientes.

•Fístula traqueocutânea: ocorre devido a epitelização do trajeto da pele até a traquéia, costuma ter tratamento cirúrgico.

•Tecido de granulação: ocorre na região do estoma ou na região da ponta da cânula, sendo causa de hemorragias, obstrução e estenose da traquéia. O tratamento é feito por ressecção ou cauterização. Estudos sugerem que a troca frequente e regular das cânulas de traqueostomia no pós-operatório pode reduzir a incidência desta complicação.

•Impossibilidade de decanulação: pode ser causada por paralisia de pregas vocais, lesão da estrutura laríngea, ansiedade. Avaliação endoscópica completa da região laringotraqueobrônquica pode ajudar na resolução do problema.

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